quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009


É eu sei, há tempos não escrevia. Necessitava ver, perceber e apurar.

E agora estou aqui pra contar pra mim mesmo ou pra quem ler o que se passa, ou melhor, se passou durante meu silêncio.

Aliás, silêncio tem ou não o “chapeuzinho do vovô”, como aprendi na escola? Ou acento “circunflexo” pros mais letrados, hein?

O fato é que, nosso presidente semi-analfabeto assinou a reforma ortográfica, mesmo sem saber o que se passava antes das novas regras. Agora ele eu e mais um monte de gente, ficamos em dúvida no ato de escrivinhar. Mas o importante mesmo é que se entenda o que se escrivinhou-se.

Vi, percebi, apurei e reprovei a reforma.

Estava eu e, como diria meu amigo Renato: “mais uma “ruma” (muita) de gente” no ônibus quando vi cada pessoa, reparei o jeito, fala, comportamento e apurei que a maioria são pessoas pouco desprovidas ou totalmente desprovidas de beleza. Alias, nunca vi ninguém muito bonito(a) num ônibus.

Pois bem, vi branco, preto, amarelo, rosado, marrom, com três, dois, um monte ou nenhum dente na boca.

Vi um homem fazer amizade com o cobrador que já flertava com uma garota e teve que parar pra ouvir o pobre homem que dizia:

- Rapaiz, siviço ta difícil hoje em dia né não?”
- É, a coisa ta braba, eu pelo menos to fazeno minha correria aqui né. Replicava o cobrador.

Logo desviei minha atenção e me propus a escutar outro diálogo entre duas senhoras que era mais ou menos exatamente como segue:

- Mulé tu deu o recado a Cristiano?
- Vixi Tereza !!! minha nossa senhora! dei não oh! Mas tombem mulé aquele homi num para em casa! É um fogo pra sair que benza Deus! dizia a tal da Tereza.

Procurando por mais desses diálogos engraçados, comecei a prestar atenção em dois jovens que provavelmente estavam indo ao centro da cidade fazer compras na galeria do rock:

- Ah mano seilá velho, tipo, o som dos cara tem muito delay ta ligado, não curto não mano. Sô mais uma levada nirvana.
- Eu curto pá carai, o som dos caras é foda mano! Respondia ao seu amigo, discordando de sua opinião.

E assim fui observando o máximo de diálogos que pude porque além de feio era engraçado e me ajudou a chegar ao destino sem que eu percebesse que estava em pé num ônibus cheio, cheio de “pobre”. Entendam-me bem.

Contudo, apesar do meu esforço, não encontrei ninguém capaz de falar uma frase inteira com concordância verbal ou palavras bem pronunciadas.

Aqui no nosso país o importante é escutar, não precisa nem entender. Aqui no nosso país 90% do território é ocupado por gente assim, e 99,9% do ônibus são dessas pessoas.

E o pior disso tudo é que essas pessoas escrevem, lêem, votam!!! E votam através de um computadorzinho que coloca automaticamente o “chapeuzinho do vovô” nas palavras sendo que a reforma já está em vigor!

Vigor? depois disso é disso que preciso. Vou ler um livro.

Um comentário:

Manuela Malachias disse...

Juro, fantástico!
Mew, que sacada sensacional!
Meu pai leu, comentou comigo sobre o texto e eu precisava vir conferir!!
Realmente, falou bem...
São essas pessoas que votam..
E as coisas vão continuar assim...
aff